quinta-feira, 3 de março de 2011

Gaiolas ou Asas

Certa vez em um livro de Rubem Alves, fiquei encantado com a sua forma de transmitir todas aquelas idéias. Neste conto relatava de uma forma irônica uma realidade sobre as professoras de escolas de periferia. Comparando algumas situações com momentos que vivia quando criança caçando pássaros: "Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas?" http://www.rubemalves.com.br/gaiolaseasas.htm

Poderiamos pensar então:
Quem são estes violentos adolescente de periferia? são apenas mais um dos quais devem a polícia tratar? Violência e agressividade são a mesma coisa?

Conversando Rubem Alves com André Lapierre:

"O ser humano não é só corpo cheio de músculos, ossos, órgãos e sangue. No comando disso tudo tem um ser emocional, social, fisiológico, afetivo, cognitivo, espiritual e muito mais além de nossos conhecimentos."

Porque então toda esta violência, esta agressividade canalizada de uma forma destrutiva?

Seguindo o que André Lapierre diz:
“Luta e competição fazem parte da vida, individual e social. Não deve pois ser culpabilizada e reprimida no inconsciente, mas assumida e dominada pelo eu consciente, para ser orientada em investidas positivas e construtivas, ao invés da destruição e da violência.”


Se você não conhece a Psicomotricidade Relacional, então leia um livro chamado "O Adulto Diante da Criança de 0 a 3 anos" Psicomotricidade relacional e formação da personalidade. de Andre Lapierre e Anne Lapierre da editora UFPR

Lá você irá encontrar um trabalho sobre diversos aspectos da construção da personalidade, sobre a agressividade, desenvolvimento motor, afetivo e relacional, e a importância do olhar, do corpo e do inconsciente na formação da personalidade. "(...) podemos compreender a importância de um olhar sobre cada um e focado em suas potencialidades, saindo de uma visão limitada do conhecimento ao desenvolvimento global do ser” Lapierre (2002, p.20)

O Olhar. Nos permitindo descobrir em cada um o canal de aprendizagem e a partir dai ajuda-lo a encontrar seu desejo de aprender. Segundo Rubem Alves, curiosidade é uma coceira no cérebro. Desejo de aprender então deve dar mais coceira ainda!

Seguindo o Pensamento de Rubem Alves
"(...) se resume o programa educacional do corpo: aprender “ferramentas“, aprender “brinquedos“. “Ferramentas“ são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia a dia. “Brinquedos“ são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma. Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer... Assim todo professor, ao ensinar, teria que perguntar: “Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?“ Se não for é melhor deixar de lado."

A psicomotricidade relacional atravéz de sua atividade corporal lúdica,
“Evidencia o que há de positivo no indivíduo, interessando-se por aquilo que sabe fazer e não pelo que não sabe. Assim, as relações se tornam mais brandas e as dificuldades deixam de ser um drama, possibilitando o resgate da confiança e da segurança.”

Psicomotricidade Relacional é ferramenta ou é brinquedo?

...existem muitas outras ferramentas...

Basta você encontrar as suas e acreditar nelas!